Tem vezes que a arte como revolta não funciona. Tem vezes que só explodir tudo resolve. Sem conceito, sem intenção artística.
Feliz 2010.
Pedro Gutierres
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Ainda Ando
só lamentos
deixei pelo caminho;
lamentos d'outros
tempos
em que andei sozinho,
andei sorrindo,
disfarçando o
choro
que andava engolido;
andei indo
e andei sempre
voltando;
ainda ando,
dum andar queu
inda amo;
andei assim d'andar
errado, andei
andando
- acuado,
lamentando eu fui
seguindo...
andei errando SIM,
mas andando
- eu segui indo.
(Guilherme Meyer)
deixei pelo caminho;
lamentos d'outros
tempos
em que andei sozinho,
andei sorrindo,
disfarçando o
choro
que andava engolido;
andei indo
e andei sempre
voltando;
ainda ando,
dum andar queu
inda amo;
andei assim d'andar
errado, andei
andando
- acuado,
lamentando eu fui
seguindo...
andei errando SIM,
mas andando
- eu segui indo.
(Guilherme Meyer)
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
O MITO DO MAESTRO
.
Toda época inventa heróis. O guerreiro, o amante e o santo mártir fascinaram as mentes medievais. Os românticos cultuaram o poeta e o explorador; revoluções industriais e políticas instalaram o cientista e o reformador social num pedestal. O advento dos meios de comunicação de massa permitiu a fabricação de ídolos sob medida para diferentes grupos de consumidores: cantores de música popular para adolescentes, deusas de cinema para os perdidos de amor, personagens inconsistentes de telenovela para os telemaníacos, campeões do esporte para os mais energéticos, terroristas seqüestradores de avião para os oprimidos do mundo, filósofos pop para as classes tagarelas.
.
Heróis funcionam como uma válvula de segurança na panela de pressão social. Permitem a baixotes de óculos identificarem-se com Silvester Stallone em vez de dar um soco no chefe, e a mocinhas recatadas evadirem de sua castidade devaneando a sexualidade ostensiva de Marilyn Monroe e Madonna. Esses sonhos são desvinculados de qualquer realidade concreta. O pôster com o retrato do líder guerrilheiro sul-americano Che Guevara, outrora ubíquo nos quartos, não significava revolução juvenil incipiente nos subúrbios de classe média. Como força política, Guevara era uma fonte de irritação secundária para regimes distantes. Como ícone, contudo, dava vazão às frustrações e anseios de jovens afluentes do mundo ocidental decadente.
.
Esses heróis populares são literalmente míticos, carecendo de substância ou sendo inteiramente fictícios. Os deuses culturais não são diferentes. Andy Warhol e Jeff Koons demonstraram que um artista não precisa ser propriamente original para ser celebrado; o nome de Karlheinz Stockhausen é conhecido por amantes da música que jamais ouviram uma nota por ele composta. A fama desses homens reside menos em algo que tenham inventado do que no mito que representam.
.
(Norman Lebrecht, Igor Symanski e Blisset)
Toda época inventa heróis. O guerreiro, o amante e o santo mártir fascinaram as mentes medievais. Os românticos cultuaram o poeta e o explorador; revoluções industriais e políticas instalaram o cientista e o reformador social num pedestal. O advento dos meios de comunicação de massa permitiu a fabricação de ídolos sob medida para diferentes grupos de consumidores: cantores de música popular para adolescentes, deusas de cinema para os perdidos de amor, personagens inconsistentes de telenovela para os telemaníacos, campeões do esporte para os mais energéticos, terroristas seqüestradores de avião para os oprimidos do mundo, filósofos pop para as classes tagarelas.
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Heróis funcionam como uma válvula de segurança na panela de pressão social. Permitem a baixotes de óculos identificarem-se com Silvester Stallone em vez de dar um soco no chefe, e a mocinhas recatadas evadirem de sua castidade devaneando a sexualidade ostensiva de Marilyn Monroe e Madonna. Esses sonhos são desvinculados de qualquer realidade concreta. O pôster com o retrato do líder guerrilheiro sul-americano Che Guevara, outrora ubíquo nos quartos, não significava revolução juvenil incipiente nos subúrbios de classe média. Como força política, Guevara era uma fonte de irritação secundária para regimes distantes. Como ícone, contudo, dava vazão às frustrações e anseios de jovens afluentes do mundo ocidental decadente.
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Esses heróis populares são literalmente míticos, carecendo de substância ou sendo inteiramente fictícios. Os deuses culturais não são diferentes. Andy Warhol e Jeff Koons demonstraram que um artista não precisa ser propriamente original para ser celebrado; o nome de Karlheinz Stockhausen é conhecido por amantes da música que jamais ouviram uma nota por ele composta. A fama desses homens reside menos em algo que tenham inventado do que no mito que representam.
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(Norman Lebrecht, Igor Symanski e Blisset)
A Cama Quebrada
A cama, que deitávamos
juntos confortavelmente,
parece cada vez menor
e a cada noite
mostra-se imperfeita para nós.
Agora ela quebrou.
Não nos suportou.
Pequena e fraca
para nós dois.
Vamos pegar o colchão,
Tirar da cama
e jogá-lo no chão.
Agora nada vai quebrar.
Tudo vai se ajeitar.
Será que dormiremos
bem como dormíamos?
Onde está nosso bom sono
de antigamente?
O espaço do colchão
não dá mais conta de nós dois?
Ou nós dois não estamos mais
dando conta de nós mesmos?
Semana que vem compraremos
uma bela cama nova
e o nosso sono voltará a ser
como antigamente.
Cama nova
Vida nova
Fim dos roncos;
dos estalos da madeira;
e dos riscos de quebrar.
Tudo ficará perfeito.
Mal posso esperar.
(Érico Alencastro)
juntos confortavelmente,
parece cada vez menor
e a cada noite
mostra-se imperfeita para nós.
Agora ela quebrou.
Não nos suportou.
Pequena e fraca
para nós dois.
Vamos pegar o colchão,
Tirar da cama
e jogá-lo no chão.
Agora nada vai quebrar.
Tudo vai se ajeitar.
Será que dormiremos
bem como dormíamos?
Onde está nosso bom sono
de antigamente?
O espaço do colchão
não dá mais conta de nós dois?
Ou nós dois não estamos mais
dando conta de nós mesmos?
Semana que vem compraremos
uma bela cama nova
e o nosso sono voltará a ser
como antigamente.
Cama nova
Vida nova
Fim dos roncos;
dos estalos da madeira;
e dos riscos de quebrar.
Tudo ficará perfeito.
Mal posso esperar.
(Érico Alencastro)
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Leila
Acordei e ela estava morta. Não na minha frente, mas no jornal ao pé da porta.
A musa da minha infância que eu em tantas noites tive em sonho comigo, bela,
linda, um pedaço puro do céu em corpo e rosto de mulher. Morta, suicidada.
Um baque; confesso que desesperei um pouco. Já há quanto tempo não me
recordava nem do teu nome? Há quanto já não via uma foto sequer do teu rosto
de anjo? Parece que essa morte já há muito tempo se anunciava em mim, eu,
que havia esquecido de lembrar de ti. Já tinha lá seus 50 anos, mas afirmava que
esses eram 40. Uma carreira que há muito vinha em declínio, e que de atriz
meiga de novela já havia descambado pra sem-vergonha do mundo pornô; digo
isso sem maiores julgamentos além de um coração partido - o meu. Se matou
trancada no quarto, comendo comida envenenada. Já havia, parece, ter feito dada
cirurgia para retirada do útero; se ainda viva, não poderia nem mais ter filho.
Ah! Leila, que foi que fizeram contigo? Vejo tua foto, em floripa, e teu sorriso é
melancólico, teu semblante - desistido. Que foi que fizeram contigo? Garanto que
na época de Rei do Gado e Playboy a solidão não existia, nem a angústia, nem
o desespero. É falsa essa vida Leila, e é cruel e mentirosa. Queria ter te visto
ainda que já morta, acariciar teus cabelos negros mortos e te dizer que tudo está
bem, mesmo não estando. Queria que eu pudesse ter te salvado, ou ter te dito
alguma palavra que te fizesse pensar em tudo mais uma vez. Ah! Leila, que vida
essa mais vagabunda! Vida salafrária, ordinária, que até sonho tira...Vai com Deus
minha amada, e encontra na morte o que perdestes na vida; a paz do teu sorriso
que eu sonhei quando criança demente, a doçura da tua boca - que eu só sonhei
que provava; o teu amor que eu dizia ser meu e o meu amor que eu não pude te dar.
(Guilherme Meyer)
A musa da minha infância que eu em tantas noites tive em sonho comigo, bela,
linda, um pedaço puro do céu em corpo e rosto de mulher. Morta, suicidada.
Um baque; confesso que desesperei um pouco. Já há quanto tempo não me
recordava nem do teu nome? Há quanto já não via uma foto sequer do teu rosto
de anjo? Parece que essa morte já há muito tempo se anunciava em mim, eu,
que havia esquecido de lembrar de ti. Já tinha lá seus 50 anos, mas afirmava que
esses eram 40. Uma carreira que há muito vinha em declínio, e que de atriz
meiga de novela já havia descambado pra sem-vergonha do mundo pornô; digo
isso sem maiores julgamentos além de um coração partido - o meu. Se matou
trancada no quarto, comendo comida envenenada. Já havia, parece, ter feito dada
cirurgia para retirada do útero; se ainda viva, não poderia nem mais ter filho.
Ah! Leila, que foi que fizeram contigo? Vejo tua foto, em floripa, e teu sorriso é
melancólico, teu semblante - desistido. Que foi que fizeram contigo? Garanto que
na época de Rei do Gado e Playboy a solidão não existia, nem a angústia, nem
o desespero. É falsa essa vida Leila, e é cruel e mentirosa. Queria ter te visto
ainda que já morta, acariciar teus cabelos negros mortos e te dizer que tudo está
bem, mesmo não estando. Queria que eu pudesse ter te salvado, ou ter te dito
alguma palavra que te fizesse pensar em tudo mais uma vez. Ah! Leila, que vida
essa mais vagabunda! Vida salafrária, ordinária, que até sonho tira...Vai com Deus
minha amada, e encontra na morte o que perdestes na vida; a paz do teu sorriso
que eu sonhei quando criança demente, a doçura da tua boca - que eu só sonhei
que provava; o teu amor que eu dizia ser meu e o meu amor que eu não pude te dar.
(Guilherme Meyer)
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Demasiado humano
a maldição
da
consciência:
eu penso,
eu sinto,
eu sofro;
e eu sei
que um dia
morro.
(Guilherme Meyer)
da
consciência:
eu penso,
eu sinto,
eu sofro;
e eu sei
que um dia
morro.
(Guilherme Meyer)
domingo, 29 de novembro de 2009
Aguardo
eu espero pra ver
o que vai ser
daquelas ruas à noite
e de todas as andanças
por elas madrugada a dentro;
de todos aqueles postos
de gasolina,
das garrafas enfileiradas,
vazias,
sem mais nada;
pra ver o que
vai ser
de toda a chuva
que caiu,
do ônibus que corta
a 3ª perimetral
a mais de 80 por hora,
do maço de cigarros
que eu acabei mesmo assim
comprando;
vai ser o que
daquela vez
que eu quis te ver?
dos túneis, das pistas,
dos muros, dos prédios,
dos murros, do tédio,
de tudo que é sério;
eu espero pra ver
o que é que
vai ficar,
o que é que vai ser
se eu não souber segurar.
(Guilherme Meyer)
o que vai ser
daquelas ruas à noite
e de todas as andanças
por elas madrugada a dentro;
de todos aqueles postos
de gasolina,
das garrafas enfileiradas,
vazias,
sem mais nada;
pra ver o que
vai ser
de toda a chuva
que caiu,
do ônibus que corta
a 3ª perimetral
a mais de 80 por hora,
do maço de cigarros
que eu acabei mesmo assim
comprando;
vai ser o que
daquela vez
que eu quis te ver?
dos túneis, das pistas,
dos muros, dos prédios,
dos murros, do tédio,
de tudo que é sério;
eu espero pra ver
o que é que
vai ficar,
o que é que vai ser
se eu não souber segurar.
(Guilherme Meyer)
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Quase no Sonho
Tentem imaginar a situação
De estar cara a cara com o sonho
Quase pisando neste chão
E só de pensar ficar todo risonho
Imaginem estar quase colhendo
Aquilo que há tanto vem plantando
Ver que está quase acontecendo
Aquilo que há tanto vem buscando
Mas o pior mesmo é pensar
Que ainda preciso suportar
Ter de viver a "realidade"
Somente pela necessidade
Mas o sonho já está chegando
Mais um pouco e ele se realizará
Enquanto isso vou ajeitando
Tudo o que posso e nada falhará
E também vou suportando
Isso que todos chamam de realidade
Aproveito e vou questionando
Se isso é realmente uma verdade
(Érico Alencastro)
De estar cara a cara com o sonho
Quase pisando neste chão
E só de pensar ficar todo risonho
Imaginem estar quase colhendo
Aquilo que há tanto vem plantando
Ver que está quase acontecendo
Aquilo que há tanto vem buscando
Mas o pior mesmo é pensar
Que ainda preciso suportar
Ter de viver a "realidade"
Somente pela necessidade
Mas o sonho já está chegando
Mais um pouco e ele se realizará
Enquanto isso vou ajeitando
Tudo o que posso e nada falhará
E também vou suportando
Isso que todos chamam de realidade
Aproveito e vou questionando
Se isso é realmente uma verdade
(Érico Alencastro)
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Por trás do rosto
vai andando
o corpo-imagem,
a máscara que disfarça;
se fazendo ele passa
a sensação de uma miragem
que não é mais
que uma falsa paisagem
a esconder o que traz dentro
e que mostra vida
- no arfar do peito -
que respira...
é a alma que alí habita
esse invólucro falsário,
esse conjunto de carne miserável
banhado à sangue ordinário;
vai assim esse ente oculto
que é meu eu absoluto,
vai anônimo e resoluto
viver pra sempre assim sepulto.
(Guilherme Meyer)
o corpo-imagem,
a máscara que disfarça;
se fazendo ele passa
a sensação de uma miragem
que não é mais
que uma falsa paisagem
a esconder o que traz dentro
e que mostra vida
- no arfar do peito -
que respira...
é a alma que alí habita
esse invólucro falsário,
esse conjunto de carne miserável
banhado à sangue ordinário;
vai assim esse ente oculto
que é meu eu absoluto,
vai anônimo e resoluto
viver pra sempre assim sepulto.
(Guilherme Meyer)
Prelúdio
o caso já vive em mim
já inda dantes que esse nasça;
e já vislumbro antes dele o fim
inda muito antes que esse fim
se faça,
e não há graça,
nem há ensejo
que seja igual
a tal
desejo
irreal
de antever meu
o que eu não possuo,
a cada folha que morre
- eu recuo;
prendo firme na mão o vento
que ainda assim escorre.
(Guilherme Meyer)
já inda dantes que esse nasça;
e já vislumbro antes dele o fim
inda muito antes que esse fim
se faça,
e não há graça,
nem há ensejo
que seja igual
a tal
desejo
irreal
de antever meu
o que eu não possuo,
a cada folha que morre
- eu recuo;
prendo firme na mão o vento
que ainda assim escorre.
(Guilherme Meyer)
Devaneio - o retorno
Hoje não tem poesia, não tem palavra bonita, não tem porra nenhuma. Fico eu tentando escrever com inteligência e beleza sentimentos raivosos de um ser humano puto da vida com o mundo que vive, e não rola! Hoje não tem poema. Hoje tem qualquer coisa, qualquer merda...Hoje tem qualquer devaneio sobre a vida reta e quadrada que vivo.
...
Meu amigo Ricardo Zigomático que me perdoe, mas roubei afú o tema de uma de suas composições. Devaneio, já que isso é meio que qualquer coisa - só sair escrevendo que tá legal. Não preciso nem conferir o português, nem reler pra saber se tem concordância. Tô nem aí mesmo.
Estou cansado na verdade. Cansado do mundo, cansado de como devo me portar em relação ao mundo. Tudo bem, isso é clichê pra caralho, mas eu me pergunto: será que isso só é clichê pq todo mundo acaba sentindo exatamente a mesma coisa? Entende o que eu digo? A vida de todo mundo é muito parecida. É correria, é ter que se portar melhor, é ter que trabalhar sem nenhum objetivo, é ter que prestar contas pra alguém, é ter que ser melhor que ontem. É acordar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, comer, cagar, trabalhar, trabalhar, trabalhar e dormir.
Somos um bando de animais mesmo.
(Pedro Gutierres)
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Mu(N)de
P'ra tudo que vou fazer
de um outro jeito,
Há alguém p'ra policiar,
encontrar defeito
Ah, que sempre foi assim,
que não há outra forma,
Que é melhor aceitar,
seguir reto a norma.
E se um deus escreve certo
por linhas tortas
Quem sou eu pra acertar
e o que importa?
Você me disse que eu não posso mudar
todo o mundo
Pois então também não vou deixar
que ele me mude
Mas aqui embaixo
há muitas portas.
Sem questionar
a vida é morna
Não, eu já não sei mais
só observar
Algumas coisas
ainda têm que queimar
Você me disse que eu não posso mudar
todo o mundo
Pois então também não vou deixar
que ele me mude
eu não preciso sempre aceitar
eu não preciso sempre aceitar
(Igor Symanski)
de um outro jeito,
Há alguém p'ra policiar,
encontrar defeito
Ah, que sempre foi assim,
que não há outra forma,
Que é melhor aceitar,
seguir reto a norma.
E se um deus escreve certo
por linhas tortas
Quem sou eu pra acertar
e o que importa?
Você me disse que eu não posso mudar
todo o mundo
Pois então também não vou deixar
que ele me mude
Mas aqui embaixo
há muitas portas.
Sem questionar
a vida é morna
Não, eu já não sei mais
só observar
Algumas coisas
ainda têm que queimar
Você me disse que eu não posso mudar
todo o mundo
Pois então também não vou deixar
que ele me mude
eu não preciso sempre aceitar
eu não preciso sempre aceitar
(Igor Symanski)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
A Pior Poesia
Sendo o presente
produto do passado,
me pergunto:
Como pode haver
tamanha discrepância
entre um e outro?
Quem explica
o motivo pelo qual
o contemporâneo
se mostra inferior
(sem generalizar, lógico!)
ao clássico?
Será que um dia
chegarei aos pés
(quando muito)
do pior poeta
de antigamente?
(Neste momento,
imagino Pessoa
se remexendo
em seu túmulo!)
(Érico Alencastro)
produto do passado,
me pergunto:
Como pode haver
tamanha discrepância
entre um e outro?
Quem explica
o motivo pelo qual
o contemporâneo
se mostra inferior
(sem generalizar, lógico!)
ao clássico?
Será que um dia
chegarei aos pés
(quando muito)
do pior poeta
de antigamente?
(Neste momento,
imagino Pessoa
se remexendo
em seu túmulo!)
(Érico Alencastro)
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
A prova de que somos filhos da puta...
A prova de que somos filhos da puta é termos fiscais para provas, placas de não fume, não jogue lixo no chão. Por sermos filhos da puta deixamos recados de "não mexa", temos leis para não nos matarmos e para juntar cocô do cachorro, temos cobradores nos ônibus, fiscais, auditores, seguranças, guardas, corregedores, monitores, câmeras, faixas, avisos, placas, correntes, fitas de isolamento,memorandos, cercas elétricas, cães-de-guarda, alarmes. Somos tão filhos da puta que temos lugares reservados para idosos, gestantes e deficientes fisicos, filas especiais nos bancos e bancos para guardar dinheiro, temos dinheiro, cintos de segurança e capacetes, presídios, dia do negro, do índio, da mulher, do gay, da criança, dia para nos darmos presentes, dias para nós mesmos...
Mais vale a pena sermos filhos da puta, tudo isso é para cuidar do nosso querido mundinho.
(Ricardo Zigomático)
Olhar
Um pouco do que entendo
ou penso que compreendo
das coisas que eu vejo
e sem dúvida nenhuma
tento não me envolver
para tentar não desenvolver
apego por algo do tipo,
É que de nada vale se aprofundar
Nessas besteiras ai dispostas
o melhor é virar as costas
fingindo que nada viu
deixando tudo afundar
Feito um velho navio
Que afundou
e ninguém mais viu.
Achas que sou conformista?
Achas que sou pessimista?
Se me mostrares
Alguma solução, ou algo que seja,
Que não tenha sido dita
em alguma roda de cerveja
e lá tenha permanecido
sem alguma presteza
Lhe darei credibilidade
e retirarei tudo o que aqui falei
Mudarei toda minha verdade
E tudo o que me disseres
eu juro que farei.
(Érico Alencastro)
ou penso que compreendo
das coisas que eu vejo
e sem dúvida nenhuma
tento não me envolver
para tentar não desenvolver
apego por algo do tipo,
É que de nada vale se aprofundar
Nessas besteiras ai dispostas
o melhor é virar as costas
fingindo que nada viu
deixando tudo afundar
Feito um velho navio
Que afundou
e ninguém mais viu.
Achas que sou conformista?
Achas que sou pessimista?
Se me mostrares
Alguma solução, ou algo que seja,
Que não tenha sido dita
em alguma roda de cerveja
e lá tenha permanecido
sem alguma presteza
Lhe darei credibilidade
e retirarei tudo o que aqui falei
Mudarei toda minha verdade
E tudo o que me disseres
eu juro que farei.
(Érico Alencastro)
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Ah! Poe...
como posso crer
ser irreal
o que eu
realmente senti
que era fatal?
como posso
chamar de ilusão
o que desesperou
de medo
meu coração?
o que é vida
e o que é sonho?
e não é a vida
o sonho
mais estranho
que em vão
eu busco
mas não apanho?
(Guilherme Meyer)
ser irreal
o que eu
realmente senti
que era fatal?
como posso
chamar de ilusão
o que desesperou
de medo
meu coração?
o que é vida
e o que é sonho?
e não é a vida
o sonho
mais estranho
que em vão
eu busco
mas não apanho?
(Guilherme Meyer)
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
D.Pedro II
da imensidão íntima
da minha rua
até a cratera última
da face mais obscura da lua -
carrego comigo sempre
o mesmo semblante:
inquieto, exitante,
constantemente errante,
errando, e as vezes nem assim
aprendendo.
(Guilherme Meyer)
da minha rua
até a cratera última
da face mais obscura da lua -
carrego comigo sempre
o mesmo semblante:
inquieto, exitante,
constantemente errante,
errando, e as vezes nem assim
aprendendo.
(Guilherme Meyer)
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Vá lá!
Se quiser algo vá e pegue
Sem medo. Sem receio
Não interessando qual será o meio
E nem qual o caminho que se segue
Não desista do seu sonho, rapaz
Não pense que será impossível
Não pense na atitude cabível
E não pense que não é capaz
Apenas faça aquilo que pulsa
Nesse coração cheio de vida
Mesmo que sofram com sua ida
Mesmo que em alguns desperte repulsa
Se quer fazer, faça-o já
Se quer realizar, a hora é agora
Realmente incomoda a voz que chora
Mas se a hora é agora, então vá lá
(Érico Alencastro)
Sem medo. Sem receio
Não interessando qual será o meio
E nem qual o caminho que se segue
Não desista do seu sonho, rapaz
Não pense que será impossível
Não pense na atitude cabível
E não pense que não é capaz
Apenas faça aquilo que pulsa
Nesse coração cheio de vida
Mesmo que sofram com sua ida
Mesmo que em alguns desperte repulsa
Se quer fazer, faça-o já
Se quer realizar, a hora é agora
Realmente incomoda a voz que chora
Mas se a hora é agora, então vá lá
(Érico Alencastro)
Imagens
ruas de pano,
cidade de pedra,
minha vida
de papel;
gente de sonho,
sonho de lata,
um dia feliz,
um dia que mata.
falta de cinza,
a cinza
das horas,
o pesar seco
do mundo;
vazio de tinta,
letra vazia,
a tristeza
- da poesia.
(Guilherme Meyer)
cidade de pedra,
minha vida
de papel;
gente de sonho,
sonho de lata,
um dia feliz,
um dia que mata.
falta de cinza,
a cinza
das horas,
o pesar seco
do mundo;
vazio de tinta,
letra vazia,
a tristeza
- da poesia.
(Guilherme Meyer)
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
"crescer" - em todos os sentidos medíocres
você deixou de sorrir
de brincar e sacanear
ao mesmo tempo
que deixou de ser criança
mais que uma estátua
você se tornou
um robô ambulante
que faz tudo igual
e ainda tem a cara de pau
(ou de ferro
ou de estúpido mesmo)
para repetir
"como era bom antes"
você ficou feio
para imitar o mundo
e como se não bastasse
um feio
que não suporta contraste
eu até tentei lhe compreender
como vítima de uma conspiração maior
passivo, sem olhos, domesticado...
[[[[[can(sei)
tome seus remédios
não jogo mais ao seu lado
não preciso entender
quem quis ser capturado
(Igor Symanski)
de brincar e sacanear
ao mesmo tempo
que deixou de ser criança
mais que uma estátua
você se tornou
um robô ambulante
que faz tudo igual
e ainda tem a cara de pau
(ou de ferro
ou de estúpido mesmo)
para repetir
"como era bom antes"
você ficou feio
para imitar o mundo
e como se não bastasse
um feio
que não suporta contraste
eu até tentei lhe compreender
como vítima de uma conspiração maior
passivo, sem olhos, domesticado...
[[[[[can(sei)
tome seus remédios
não jogo mais ao seu lado
não preciso entender
quem quis ser capturado
(Igor Symanski)
Trabalho
Queria eu ter feito
Metade das coisas que pensei
Tanta indagação, se não
calado ou quase mudo.
É fácil seguir assim
Difícil é pouco pra mim
Quero as cordas desamarrar
E poder ver o que vou arrumar.
Você não me entende,
Nem deveria entender
Acha normal reclamar da TV
E depois voltar pra casa
E ter que se preocupar com o nada.
(Pedro Gutierres)
Metade das coisas que pensei
Tanta indagação, se não
calado ou quase mudo.
É fácil seguir assim
Difícil é pouco pra mim
Quero as cordas desamarrar
E poder ver o que vou arrumar.
Você não me entende,
Nem deveria entender
Acha normal reclamar da TV
E depois voltar pra casa
E ter que se preocupar com o nada.
(Pedro Gutierres)
Daquí uns anos
Eu ainda sinto em mim
um desejo ávido
por conhecimento -
e principalmente pela literatura;
Mas espero que isso
um dia chegue ao fim
e que eu possa então
contemplar passivo o mundo vivo
e não mais -
as páginas de um livro.
(Guilherme Meyer)
um desejo ávido
por conhecimento -
e principalmente pela literatura;
Mas espero que isso
um dia chegue ao fim
e que eu possa então
contemplar passivo o mundo vivo
e não mais -
as páginas de um livro.
(Guilherme Meyer)
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