domingo, 29 de novembro de 2009

Aguardo

eu espero pra ver
o que vai ser

daquelas ruas à noite
e de todas as andanças
por elas madrugada a dentro;

de todos aqueles postos
de gasolina,

das garrafas enfileiradas,
vazias,
sem mais nada;

pra ver o que
vai ser
de toda a chuva
que caiu,

do ônibus que corta
a 3ª perimetral
a mais de 80 por hora,

do maço de cigarros
que eu acabei mesmo assim
comprando;

vai ser o que
daquela vez
que eu quis te ver?

dos túneis, das pistas,
dos muros, dos prédios,
dos murros, do tédio,

de tudo que é sério;

eu espero pra ver
o que é que
vai ficar,
o que é que vai ser
se eu não souber segurar.



(Guilherme Meyer)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Quase no Sonho

Tentem imaginar a situação
De estar cara a cara com o sonho
Quase pisando neste chão
E só de pensar ficar todo risonho

Imaginem estar quase colhendo
Aquilo que há tanto vem plantando
Ver que está quase acontecendo
Aquilo que há tanto vem buscando

Mas o pior mesmo é pensar
Que ainda preciso suportar
Ter de viver a "realidade"
Somente pela necessidade

Mas o sonho já está chegando
Mais um pouco e ele se realizará
Enquanto isso vou ajeitando
Tudo o que posso e nada falhará

E também vou suportando
Isso que todos chamam de realidade
Aproveito e vou questionando
Se isso é realmente uma verdade

(Érico Alencastro)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Por trás do rosto

vai andando
o corpo-imagem,
a máscara que disfarça;
se fazendo ele passa
a sensação de uma miragem

que não é mais
que uma falsa paisagem
a esconder o que traz dentro
e que mostra vida
- no arfar do peito -
que respira...

é a alma que alí habita
esse invólucro falsário,
esse conjunto de carne miserável
banhado à sangue ordinário;

vai assim esse ente oculto
que é meu eu absoluto,
vai anônimo e resoluto
viver pra sempre assim sepulto.




(Guilherme Meyer)

Prelúdio

o caso já vive em mim
já inda dantes que esse nasça;
e já vislumbro antes dele o fim
inda muito antes que esse fim
se faça,

e não há graça,
nem há ensejo
que seja igual
a tal
desejo

irreal

de antever meu
o que eu não possuo,

a cada folha que morre
- eu recuo;

prendo firme na mão o vento
que ainda assim escorre.





(Guilherme Meyer)

Devaneio - o retorno


Hoje não tem poesia, não tem palavra bonita, não tem porra nenhuma. Fico eu tentando escrever com inteligência e beleza sentimentos raivosos de um ser humano puto da vida com o mundo que vive, e não rola! Hoje não tem poema. Hoje tem qualquer coisa, qualquer merda...Hoje tem qualquer devaneio sobre a vida reta e quadrada que vivo.

...

Meu amigo Ricardo Zigomático que me perdoe, mas roubei afú o tema de uma de suas composições. Devaneio, já que isso é meio que qualquer coisa - só sair escrevendo que tá legal. Não preciso nem conferir o português, nem reler pra saber se tem concordância. Tô nem aí mesmo.

Estou cansado na verdade. Cansado do mundo, cansado de como devo me portar em relação ao mundo. Tudo bem, isso é clichê pra caralho, mas eu me pergunto: será que isso só é clichê pq todo mundo acaba sentindo exatamente a mesma coisa? Entende o que eu digo? A vida de todo mundo é muito parecida. É correria, é ter que se portar melhor, é ter que trabalhar sem nenhum objetivo, é ter que prestar contas pra alguém, é ter que ser melhor que ontem. É acordar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, comer, cagar, trabalhar, trabalhar, trabalhar e dormir.

Somos um bando de animais mesmo.

(Pedro Gutierres)


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mu(N)de

P'ra tudo que vou fazer
de um outro jeito,
Há alguém p'ra policiar,
encontrar defeito

Ah, que sempre foi assim,
que não há outra forma,
Que é melhor aceitar,
seguir reto a norma.

E se um deus escreve certo
por linhas tortas
Quem sou eu pra acertar
e o que importa?

Você me disse que eu não posso mudar
todo o mundo
Pois então também não vou deixar
que ele me mude

Mas aqui embaixo
há muitas portas.
Sem questionar
a vida é morna

Não, eu já não sei mais
só observar
Algumas coisas
ainda têm que queimar

Você me disse que eu não posso mudar
todo o mundo
Pois então também não vou deixar
que ele me mude

eu não preciso sempre aceitar
eu não preciso sempre aceitar

(Igor Symanski)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Pior Poesia

Sendo o presente
produto do passado,
me pergunto:

Como pode haver
tamanha discrepância
entre um e outro?

Quem explica
o motivo pelo qual
o contemporâneo
se mostra inferior
(sem generalizar, lógico!)
ao clássico?

Será que um dia
chegarei aos pés
(quando muito)
do pior poeta
de antigamente?

(Neste momento,
imagino Pessoa
se remexendo
em seu túmulo!)

(Érico Alencastro)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A prova de que somos filhos da puta...

A prova de que somos filhos da puta é termos fiscais para provas, placas de não fume, não jogue lixo no chão. Por sermos filhos da puta deixamos recados de "não mexa", temos leis para não nos matarmos e para juntar cocô do cachorro, temos cobradores nos ônibus, fiscais, auditores, seguranças, guardas, corregedores, monitores, câmeras, faixas, avisos, placas, correntes, fitas de isolamento,memorandos, cercas elétricas, cães-de-guarda, alarmes. Somos tão filhos da puta que temos lugares reservados para idosos, gestantes e deficientes fisicos, filas especiais nos bancos e bancos para guardar dinheiro, temos dinheiro, cintos de segurança e capacetes, presídios, dia do negro, do índio, da mulher, do gay, da criança, dia para nos darmos presentes, dias para nós mesmos...
Mais vale a pena sermos filhos da puta, tudo isso é para cuidar do nosso querido mundinho.


(Ricardo Zigomático)

Olhar

Um pouco do que entendo
ou penso que compreendo
das coisas que eu vejo
e sem dúvida nenhuma
tento não me envolver
para tentar não desenvolver
apego por algo do tipo,

É que de nada vale se aprofundar
Nessas besteiras ai dispostas
o melhor é virar as costas
fingindo que nada viu
deixando tudo afundar
Feito um velho navio
Que afundou
e ninguém mais viu.

Achas que sou conformista?
Achas que sou pessimista?

Se me mostrares
Alguma solução, ou algo que seja,
Que não tenha sido dita
em alguma roda de cerveja
e lá tenha permanecido
sem alguma presteza
Lhe darei credibilidade
e retirarei tudo o que aqui falei
Mudarei toda minha verdade
E tudo o que me disseres
eu juro que farei.

(Érico Alencastro)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ah! Poe...

como posso crer
ser irreal
o que eu
realmente senti
que era fatal?

como posso
chamar de ilusão
o que desesperou
de medo
meu coração?

o que é vida
e o que é sonho?

e não é a vida

o sonho
mais estranho

que em vão
eu busco
mas não apanho?




(Guilherme Meyer)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

D.Pedro II

da imensidão íntima
da minha rua
até a cratera última
da face mais obscura da lua -


carrego comigo sempre
o mesmo semblante:
inquieto, exitante,
constantemente errante,
errando, e as vezes nem assim
aprendendo.




(Guilherme Meyer)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Vá lá!

Se quiser algo vá e pegue
Sem medo. Sem receio
Não interessando qual será o meio
E nem qual o caminho que se segue

Não desista do seu sonho, rapaz
Não pense que será impossível
Não pense na atitude cabível
E não pense que não é capaz

Apenas faça aquilo que pulsa
Nesse coração cheio de vida
Mesmo que sofram com sua ida
Mesmo que em alguns desperte repulsa

Se quer fazer, faça-o já
Se quer realizar, a hora é agora
Realmente incomoda a voz que chora
Mas se a hora é agora, então vá lá

(Érico Alencastro)

Desenho sobreposto.


Sinto vontade de desenhar,
De colar,
De lembrar como se faz.


















(Pedro Gutierres)

Imagens

ruas de pano,
cidade de pedra,
minha vida
de papel;

gente de sonho,
sonho de lata,
um dia feliz,
um dia que mata.

falta de cinza,
a cinza
das horas,
o pesar seco
do mundo;

vazio de tinta,
letra vazia,
a tristeza
- da poesia.




(Guilherme Meyer)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"crescer" - em todos os sentidos medíocres

você deixou de sorrir
de brincar e sacanear
ao mesmo tempo
que deixou de ser criança

mais que uma estátua
você se tornou
um robô ambulante

que faz tudo igual
e ainda tem a cara de pau

(ou de ferro
ou de estúpido mesmo)
para repetir
"como era bom antes"

você ficou feio
para imitar o mundo

e como se não bastasse
um feio
que não suporta contraste


eu até tentei lhe compreender
como vítima de uma conspiração maior
passivo, sem olhos, domesticado...

[[[[[can(sei)

tome seus remédios
não jogo mais ao seu lado

não preciso entender
quem quis ser capturado

(Igor Symanski)

Trabalho

Queria eu ter feito
Metade das coisas que pensei
Tanta indagação, se não
calado ou quase mudo.

É fácil seguir assim
Difícil é pouco pra mim
Quero as cordas desamarrar
E poder ver o que vou arrumar.

Você não me entende,
Nem deveria entender
Acha normal reclamar da TV

E depois voltar pra casa
E ter que se preocupar com o nada.


(Pedro Gutierres)

Daquí uns anos

Eu ainda sinto em mim
um desejo ávido
por conhecimento -
e principalmente pela literatura;

Mas espero que isso
um dia chegue ao fim
e que eu possa então
contemplar passivo o mundo vivo
e não mais -
as páginas de um livro.




(Guilherme Meyer)

PARA DA A LUZ!

ai vai um gifizinho meu
Ricardo Zigomático